quarta-feira, 29 de junho de 2011

A morte de Charlie Harper - luto!

O diretor do melhor seriado da história, "Two and a half man", anunciou que o personagem principal vai morrer. Foi a solução encontrada para a saída de Charlie Sheen do seriado. Aposto uma cerveja que o personagem de Ashton Kutcher será um filho de Harper que vai herdar tudo do milionário músico. E nós, fãs do seriado, herdaremos o legado de um gênio. Harper conseguiu tirar o melhor da vida antes que a vida lhe fosse tirada de forma brutal pela diretor da Warner. Ele foi sempre um fanfarrão, pegador, que bebia todas e não se importava com nada, a não ser com quem iria acordar no dia seguinte. Um homem satisfeito com a vida e que nunca se escondeu diante das camuflagens impostas pela sociedade. Harper foi um filósofo inspirador, que  demonstrou um profundo autoconhecimento e sempre se orgulhou de ser o que era: um bêbado tarado e milionário. Obrigado Charlie Harper, por mostrar ao mundo a vida que todo homem sonha e por não disfarçá-la com roupagens moralistas ou altruístas. Vá paz em paz, grande mestre!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Meia noite em Paris - nostalgia é a negação do presente

Depois de assitir o mais recente filme de Woddy Allen, "Meia noite em Paris", a principal lição que fica para mim é: a nostalgia é utópica e destrutiva. Não quero falar do filme, mas da mensagem. O personagem principal sonha com a Paris de 1920 e, magicamente, é transportado para aquele tempo. Se apaixona, então, por uma mulher que, por sua vez, sonhava com a Paris de 1890. Meu ponto é o seguinte: Sempre tem alguém falando que tal época em tal lugar devia ser uma era de ouro. Sempre escuto sobre o quanto maravilhoso era o Rio de Janeiro na sua efervescência cultural, na década de 1950, com a Bossa Nova nascendo. Com certeza o trânsito não era caótico e a violência não era assustadora. Só que, na realidade, a situação era periclitante. As pessoas viviam menos, comiam pior, a maioria não tinha acesso à educação, não existia nem TV a cores e ao vivo. E nem venha com esse papo que isso era romântico. Bom mesmo é minha TV LED com sinal HD,  e a narração do Milton Leite: "olha a batida". Sem fugir do assunto, Allen demonstra sua visão de mundo, prática e eficiente: bom mesmo é o presente, que  depois, como passado, se torna uma utopia. A insatisfação é uma condição humana. Sempre queremos mais e buscamos no passado, a vida perfeita. Mas a vida perfeita é aqui e agora. A nostalgia é o esvaziamento do presente, é o desperdício do hoje, é o envelhecimento do agora.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Tiro no pé

O governador Sérgio Cabral se deixou levar pela soberba. Reeleito em primeiro turno, colheu os louros das operações de pacificação de comunidades com a implantação das UPPs e também das vitórias das candidaturas do Rio de Janeiro aos principais eventos esportivos do mundo, a Copa do mundo de futebol e as Olimpíadas. A aliança com os poderes federal e municipal foram costuradas com grande êxito e propiciaram um ambiente de retorno dos investimentos no estado do Rio. Cabral tinha motivos para comemorar. Para esculachar jamais. E quando o fez, escolheu uma das instituições mais respeitadas pelo povo brasileiro. Tratou os bombeiros da mesma forma como havia tratado os traficantes que fugiram como baratas no complexo do alemão. O senhor governador jurou condenação implacável aos “vândalos”, mas com certeza a condenação implacável foi a da opinião pública contra a petulância do governador. Um ato de rebeldia se transformou em uma grande campanha de solidariedade e apoio aos bombeiros. Cabral afrontou os trabalhadores que são considerados heróis pelo povo, aqueles que se arriscam para salvar outras vidas. Nessa história, o povo escolheu que é o herói e quem é o vilão, e os bombeiros continuaram a protagonizar o papel daqueles que lutam contra o mal. Nem precisa dizer qual é o papel do Cabral..

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Gramsci e a pós-modernidade


O intelectual orgânico se digitalizou. Agora o seu lugar de atuação é o ciberespaço. A tradicional guerra de movimento travada nas trincheiras da sociedade civil gradativamente recria a organicidade de seus canais de atuação. Trata-se hoje da organicidade digital, esmerilhada nas pavimentações flutuantes das redes internáuticas. Os clamores e potencialidades da sociedade civil são reorganizados de acordo com a velocidade imposta pelas navegações computadorizadas. Então, o clássico papel informacional do intelectual orgânico gramsciano, qual seja, o de orientar e potencializar as demandas civis diante da máquina estatal – a sociedade política –, é hoje desempenhado pelo intelectual cibernético, que capta nas redes as vozes transnacionalizadas da sociedade civil. Portanto, a revolução não perpassa apenas pelas formas de organização civil, mas pela própria redefinição do espaço da política e porosidade das fronteiras nacionais. 

A soberania política dos países permanece uma realidade jurídica hegemônica, mas a mobilidade das interações sociais já superou as limitações geográficas, e é, de fato, uma realidade transnacional. A primavera árabe e a "facerevolution" são marcos práticos dessa suposição teórica: o mundo se uniu em solidariedade aos povos oprimidos do norte da África e do Oriente Médio. O embate dramático entre governos corruptos, repressores e ditatoriais e populações sedentas de direitos básicos equipadas com avançadas tecnologias da informação - internet, celulares e câmeras - se transnacionalizou. E as redes de solidariedade lederadas pelos intelectuais cibernéticos potencializaram os clamores revolucionários, os quais foram imprescindíveis para que o governo de  Mubarak fosse destituído do poder no Egito, o presidente da Tunísia, Ben Ali se refugiasse na Arábia Sáudita, e também para que ocorressem mudanças de governo - essas negociadas - na Síria, Jordânia, Iemen e Omã.  Os protestos também se espraiaram para o Sudão, Argélia, Bahrein, Irã, Iraque, e Marrocos. O caso da Líbia, com a resistência militar do governo Kadafi, se agravou para uma situação de guerra civil e, inclusive, uma intervenção internacional liderada pela OTAN. Ainda é muito cedo para entender a dimensão dos acontecimentos da primavera árabe, embora já possamos destacar o ineditismo desse tipo de revolução por efeito dominó articulada pela via digital.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O Blog

Um famoso provérbio popular diz que futebol, política e religião não se discute. Despretensiosamente, vou afrontar esse ditado neste blog. Na realidade, almejo apenas realizar um exercício de reflexão, sem grandes preocupações metodológicas. Esse blog talvez venha a ser meu diário aberto, para que eu exponha algumas ideias sobre a minha visão de mundo e que também consiga me situar dentro das diversas correntes de pensamento que se multifurcam no cenário político. Assim, então, sem ordem, vou tentar organizar meus pensamentos. Discutir temas polêmicos - mesmo que isto seja um monólogo - é o que me impulsiona a entrar no universo dos blogs. Então, inicio hoje essa prazerosa tarefa de escrever sem compromisso, sem ordem, sobre tudo o que eu estiver com vontade de opinar.